terça-feira, setembro 30, 2008

Flash Mob


Dia 10 de Outubro está agendada a discussão no parlamento de dois projectos lei que permitem o acesso ao casamento civil de casais homossexuais. Esta é uma questão que está há muito por resolver, e é daqueles pontos cuja única base de discórdia é uma homofobia latente, muitas vezes camuflada. Seja lá o que se argumente há um facto que é indesmentivel, o casamento entre duas pessoas é algo que tem a ver única e exclusivamente com essas duas pessoas. O casamento entre dois homens ou duas mulheres não prejudica em nada qualquer outro ser humano, da mesma forma que o casamento entre heterossexuais não prejudica em coisa nenhuma ninguém. Opor-se à união entre duas pessoas com base numa qualquer pseudo definição tradicional de casamento, ou num suposto objectivo obscuro de procriação é homofóbico, com todas as letras... H-O-M-O-F-Ó-B-I-C-O! Da mesma forma que a oposição a um casamento baseado na raça de quem se casa seria puro racismo.

É preciso fazer ouvir uma voz para que se ponha fim de uma vez a uma desigualdade injustificável.

Para tal estão a ser convocadas duas flash mobs:

1ª Flash Mob, quinta-feira , 2 de Out, às 19h30, junto à saída do Metro Baixa/Chiado em frente à pastelaria A Brasileira.
2ª Flash Mob, quarta-feira, 8 de Out, às 19h30, na Praça do Rossio, junto à estátua.

Deves levar uma folha em branco e uma caneta. Às 19h30, deves escrever na folha em branco "Acesso ao Casamento Civil", e de seguida erguer a folha para que todas e todos a possam ler. Ao fim de um minuto, deves dispersar, como se nada tivesse acontecido.

É preciso ser pontual para que a flash mob tenha efeito.

Divulga esta mensagem, faz a tua voz ser ouvida!

Música da Semana

No meio da crise, com o chumbo do projecto miraculoso Bush de injectar qualquer coisa como o equivalente a todos os prémios do euromilhões dos próximos 300 anos na economia americana, com a euribor a registar valores históricos, as bolsas a cair a pique... apenas uma música me vem à cabeça. É claro que a isto não é alheio o facto de ter apanhado o Cabaret na televisão há poucos dias, mas...

segunda-feira, setembro 29, 2008

1925-2008

Sempre foi daqueles homens que chegou demasiado perto da perfeição. Talentoso, charmoso, de uma beleza que o acompanhou com o passar dos anos, Paul Newman era aos 80 tão cativante como aos 30. Icone do cinema, piloto de corridas, deixará sempre um rasto de saudade, típico da passagem daquelas estrelas que têm um qualquer toque superior aos restantes. Os seus olhos azuis fecharam-se numa luta contra o cancro.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Alguém me explica porque é que Lisboa hoje está vazia?

Ou estará o mundo apenas a fugir de mim?

quarta-feira, setembro 24, 2008

The Air I Breathe

O Ar Que Respiramos, título em português que resolveu acrescentar um plural ao título original, é a primeira longa metragem de Jieho Lee, um moço saído da Harvard Business School que virou cieneasta. A premissa é uma que foi popularizada por Paul Thomas Anderson no seu famoso Magnolia e reinventada por Paul Haggis em Crash, ou seja, reunir um conjunto de histórias que, apesar de inicialmente distintas, se entende que estão todas interligadas, até co-dependentes.

Apesar de não ser própriamente muito original o filme tem um início prometedor, a história com Forrest Whitaker é inteligente e suficientemente intrigante para nos manter interessados naquilo que viria a seguir. O problema é que o que vem depois é realmente fraco. O argumento está cheio de pontos sub-aproveitados e desenvolvimentos pouco credíveis. Tudo o que está ligado ao personagem de Andy Garcia é, no mínimo, exagerado.

O elenco recheado de estrelas é sem dúvida um chamariz, mas rápidamente se torna secundário, perante as histórias progressivamente mais monótonas.

O Ar Que Respiramos é apenas mais um filme que se perde na corrente, não tem nada demasiado bom, nem demasiado mau, apenas uma mediania da qual facilmente nos esquecemos.

terça-feira, setembro 23, 2008

Música da Semana

Ufff... início difícil, nem tive tempo de postar ontem. Hoje muda a música para a próxima semana.
E logo hoje, 23 de setembro, a canção só podia ser uma...

sexta-feira, setembro 19, 2008

E ninguém acha isto estranho?


O Mercado funciona.
A intervenção estatal é negativa.
A iniciativa privada é sempre mais eficaz.
O Capitalismo é a única forma de organização possivel.
Os preços são ditados pelo mercado.
As melhores empresas e as melhores prácticas são recompensadas.
O Mercado é transparente.
O mérito é reconhecido.
A competição incentiva o desenvolvimento.
O Estado é mais lento, mais burocrático, mais ineficaz, mais injusto que o Mercado.

Mas depois...

"Fed injecta mais 6 mil milhões de dólares no sistema financeiro
A Reserva Federal (Fed) norte-americana voltou a injectar capital no sistema bancário desta vez no valor de 6 mil milhões de dólares (4,44 mil milhões de euros), depois de ter também hoje realizado um corte inesperado da sua taxa de redesconto de referência em 50 pontos-base para os 5,75%, com o objectivo de mitigar os efeitos negativos da crise no mercado de crédito à habitação de alto risco (subprime) e acalmar as bolsas." - Agosto 2007


"THE US Federal Reserve has confirmed media reports announcing a $107 billion rescue loan for struggling American International Group." - Setembro 2008


"O Banco do Japão (BoJ) anunciou hoje que vai injectar 1.000 mil milhões de ienes (6,7 mil milhões de euros) no mercado bancário japonês para fazer frente às consequências da crise financeira nos Estados Unidos." - Setembro 2008


"O Banco Central Europeu (BCE) vai injectar hoje mais 70 mil milhões de euros no mercado monetário da Zona Euro para aliviar as tensões ligadas à crise financeira desencadeada nos Estados Unidos- Setembro 2008


Mas quando o Governo português ameaça intervir se os preços do combustiveis continuarem artificialmente elevados grita-se logo ai jesus intervenção estatal!.

Ninguém acha isto um bocadinho estranho? É que e mim ninguem me injecta fundos...

quinta-feira, setembro 18, 2008

Berlim

Há cidades que têm imagens gravadas na minha cabeça, os arranha-céus de Nova Iorque, as praças de Florença, os canais de Veneza, o bairro gótico de Barcelona, os bares e cabarets de Berlim.
O problema é que os locais sombrios carregados de fumo, a vida boémia dos anos 30 da capital alemã, são apenas fragmentos de um imaginário colectivo que hoje já não existe, pelo menos da mesma maneira.
Berlim é das cidades europeias que mais sofreu nos últimos anos, passou pelo massacre da Segunda Grande Guerra, pela ocupação de quatro potências estrangeiras, pela divisão entre o Comunismo e o Capitalismo, o muro, a reconstrução, a reunificação e o apagar das cicatrizes nos últimos 20 anos.
Hoje é uma cidade moderna, viva, pulsante, mas não a achei apaixonante, é demasiado recente. Se a tecnologia e a arquitectura dos últimos 10 anos dá um ar da sua graça e cria maravilhas como o Sony Center, a verdade é que as influências dos anos 80 estão em todo o lado, dando a muitas zonas da cidade um ar de Telheiras antiga.
É no fundo uma cidade boa para visitar, mas pareceu-me ser muito mais apelativa para viver.
Com uma qualidade de vida impressionante, seja pelos preços iguais ou até inferiores aos de Portugal, seja pelos transportes públicos que funcionam na perfeição, pelos diversos espaços verdes, ou pelas ciclo-vias que acompanham todas as estradas. Metro, comboio e autocarros complementam-se, se bem que entre o U-Bahn e o S-Bahn (metro e comboio) nos colocamos em qualquer lado. De madrugada autocarros passam de um quarto em quarto de hora, certos ao minuto.
Uma semana não chega para passar a pente fino tudo o que há para ver, para encontrar os seus diferentes espaços, da ilha dos museus ao palácio, do centro histórico ao enorme jardim, o Tiergarten com a estátua que Wim Wenders celebrizou em as Asas do Desejo.
A memória nazi não foi apagada, nem os berlinenses a querem apagar, diversas estátuas e obras de arte fazem com que ninguem se esqueça do horror ali produzido. Nesse aspecto o museu judaico é um ponto de passagem obrigatório, com experiências sensoriais únicas.

Em constante mudança, em constante evolução, adaptando-se, crescendo, ganhando força. Atenta às artes e aos movimentos alternativos, culta, urbana, pensada para quem lá vive, Berlim é uma capital atenta aos seus cidadãos, é facil apetecer ficar por lá...

quarta-feira, setembro 17, 2008

Before The Devil Knows You're Dead

Quando falo em Sidney Lumet apenas um filme me vem à cabeça 12 Homens em Fúria. Um pouco redutor para um cineasta com 60 anos de carreira e títulos como Dog Day Afternoon, The Network ou Serpico, mas o fabuloso filme sobre 12 jurados num julgamento de homicidio é para mim uma referência. Doze actores, uma sala e uma mesa com doze cadeiras, é tudo o que Lumet tem para contar uma história envolvente, tensa, entusiasmante, carregada pelos ombros de um argumento de ouro e de um conjunto de actores invejável, encabeçado por Henry Fonda, mas onde se destaca Lee J. Cobb, numa performance avassaladora de raiva e agressividade.
Antes Que o Diabo Saiba que Morreste é o último trabalho de Lumet, que tem sido bastante bem recebido, mas que me deixa com algum amargo de boca.
Contando novamente com um grupo invejável de actores, Phillip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney e Marisa Tomei, Antes Que o Diabo Saiba que Morreste tem como base uma permissa interessante: dois irmãos resolvem assaltar a joalharia dos próprios pais, mas o plano acaba deseperadamente mal.

A montagem que salta constantemente do presente para o passado, vai revelando a intriga em diversos estados de diversos pontos de vista, numa abordagem pouco inovadora mas terrivelmente eficaz. Brutal, directo desde o primeiro minuto com uma cena de sexo bastante explicita entre Hoffman e Tomei, este filme não se coibe de apresentar quer a violência, quer os corpos, quer o intenso drama moral na sua forma mais crua, abrindo caminho para uma tragédia Shakespeariana.
O problema é que a falta de ritmo que atravessa toda a acção, sem agilidade a tensão não se desvanece, mas dilui-se um pouco pelo arrastar do tempo, que nos deixa sem posição na cadeira.
Existem também diversos temas laterais que são desnecessários e que nunca realmente se resolvem, como é o caso da filha de Hawke ou do irmão de um dos personagens que aparece mais no fim.
Pena é o desperdicio de Albert Finney, aquele pai não é explorado como devia, a sua relação com os filhos ainda menos, chegamos ao fim do filme a saber quase tão pouco sobre ele como no incio.

Antes Que o Diabo Saiba que Morreste é um projecto falhado, carregado de boas ideias, de bons executantes, mas que em última análise não consegue aglutinar todos os elementos positivos num filme coeso.

terça-feira, setembro 16, 2008

Musica da Semana

Foi por causa de um trailer de um jogo (em baixo)... mas a música ficou-me na cabeça. Para nos despedirmos do Verão, um excerto do Requiem de Mozart, Lacrimosa.

sexta-feira, setembro 12, 2008

You Don't Mess With The Zohan

A falta de tempo não me tem deixado actualizar o blog como queria, e o post de hoje vai ser também excepcionalmente curto.
Não Te Metas Com o Zohan é o último filme de Adam Sandler que eu, em desespero de causa, tive a infelicidade de ir ver.
Um agente da Mossad resolve fingir a própria morte para ir para Nova Iorque trabalhar como cabeleireiro.
Pouco há a dizer sobre este monte de piadas rasteiras com um humor xenófobo mascarado de boas intenções que descem ao nivel da virilha, tendo sexo com mulheres septuagenárias como a cereja em cima do bolo.
Imbecil do primeiro ao último minuto, não serve sequer para duas ou três gargalhadas, resumindo-se a um insulto ao tempo, dinheiro e paciência do espectador.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Música da Semana

Com atraso, sim, que ontem não pude vir até aqui. Assim sendo, vamos deixar que o Fausto acelere as coisas com O Barco Vai de Saída.

terça-feira, setembro 09, 2008

The Hottest State

Em 1996 Ethan Hawke publica o seu primeiro romance. 10 anos mais tarde tem a oportunidade de o passar para o grande ecrã, num filme em que para além do argumento, Hawke assume a realização.

O Estado Mais Quente chega às salas portuguesas dois anos mais tarde.

Esta terceira realização do actor de Antes do Amanhecer é, tal como nesse filme, uma história sem história, que vive do momento, do diálogo, mais até do silêncio, num existir em que os actores criam sem se notar, nascendo personagens que parecem tão naturais, tão simples, que acreditamos que podem descer do ecrã e sentar-se ao nosso lado.

É uma história de amor, de perda, mas sem ceder à tentação do final feliz, ou ao drama da tragédia, como na vida de cada um de nós, o final, o percurso também, não é grandioso nem catastrófico, é o passar de sentimentos com que se lidam com um grau de dor e afecto mais ou menos controlado. Não há grandes traições, grandes chantagens, grandes personalidades "bigger than life", apenas duas pessoas que se encontram e se afastam, sem um motivo maior, tão só porque a vida acontece. Aí reside a força de O Estado Mais Quente e também a sua incrivel emotividade, cada um de nós já viveu, já sofreu, já fez sofrer, conhece por dentro a importância das pequenas derrotas, e dos grandes amores esquecidos.

Simples, belo, sincero, O Estado Mais Quente é um pequeno grande filme.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Tabú

Já saiu de cena no CCB, mas ainda consegui apanhar os últimos dias de Tabú, um espectáculo de novo circo da No Fit State, companhia conceituada do País da Gales.

É dificil errar num espectáculo de novo circo, até hoje não fui a nenhuma performance deste género reinventado que fosse um fracasso. Por isso este Tabú tinha um longo histórico ao qual se comparar.
O tema central do espectáculo é o medo.
O que é que assusta os membros da No Fit State, sabendo à partida que aquilo que me enche de terror não será exactamente o mesmo para alguém que ganha a vida a fazer mortais a 6 metros do chão.
O espectáculo decorre dentro de uma tenda onde o público está de pé a ter que andar de um lado para o outro enquanto os diferentes números se vão desenrolando.
Visualmente interessante, todo o percurso é carregado de energia, movimento, e um acompanhamento musical ao vivo verdadeiramente intenso.
Há no entanto alguns senãos.
Em primeiro lugar não se percebe quais são os medos que dão base ao espectáculo, eles são ditos, mas a maioria das vezes perdem-se no ruído de fundo. Os pouco que se percebem não têm ligação nenhuma àquilo que em seguida é apresentado.
Por outro lado sente-se por vezes demasiada histeria geral, confunde-se energia com descontrolo e o resultado é um espectáculo demasiado irregular, que se perde e desaproveita as capacidades dos diferentes performers. Falta ali um lider, alguém que lime as arestas e faça de Tabú um verdadeiro espectáculo memorável.
No final de contas o tempo é bem gasto, se bem que comparando com shows como Ola Kala ou Cirque Du Soleil fica uns furos abaixo.

sexta-feira, setembro 05, 2008

Os portugueses são todos atrasados mentais!!!!


O preço do barril de petróleo tem vindo a cair, nos últimos meses desceu de 140$ por barril para menos de 110$. Os lucros das petrolíferas tem vindo, gradual e constantemente a aumentar. A BP, por exemplo, teve resultados brutos em 2007 de 147 milhões de euros.
Há minutos vi na televisão o presidente da BP em Portugal a dizer que vai aumentar o preço da gasolina esta semana seguindo o exemplo da Galp. Porquê? Porque não interessa que o barril do petróleo esteja em queda livre, ele diz que na refinaria está a produzir-se o litro de gasolina mais caro (?????????) e... POR CAUSA DOS ASSALTOS ÀS BOMBAS!!!!!! A MERDA DOS ASSALTANTES QUE DEVEM TER LEVADO MILHÕES DE EUROS, PORQUE O SENHOR PRESIDENTE DA BP É CAPAZ DE DIZER ISTO NA TELEVISÃO COM UM SORRISO NA CARA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Ufff... era preferivel ser directo e afirmar logo que acha que o país inteiro é povoado por atrasados mentais...

quinta-feira, setembro 04, 2008

Mamma Mia!

Será dificil ainda hoje, encontrar alguém que não conheça pelo uma canção dos ABBA.
É este sucesso duradouro que levou a que fosse levado a palco um musical com músicas desta banda sueca.
Estreia hoje nas salas portuguesas Mamma Mia! a versão de cinema com um elenco de luxo encabeçado por Meryll Streep.
O filme é inteligente na forma como aborda a sua génese, os ABBA são dos grupos mais pirosos da história da pop mundial, como tal Mamma Mia! não se leva a sério, brincando e gozando constantemente consigo próprio, puxando os limites do kitsch ao extremo, usando e abusando de tudo o que são lugares comuns. As músicas e letras parecem ser também elas próprias uma paródia, mas não, os ABBA realmente escreveram aquilo.
Há momentos em que o filme se esquece daquilo que é e tenta levar um rumo mais dramático, erro brutal, nessa meia hora é capaz de levar à nausea qualquer um.
Mas rápidamente corrige o rumo, terminando em apoteose barroca, num histérico cómico, unico tom possivel para aquela banda sonora.
O elenco, encabeçado pela divina Meryl Streep (a única capaz de me arrepia ao interpretar The Winner Takes It All, ela não canta a música, ela representa a música e é fabulosa), é sólido, com Julie Waters e Christine Baranski a liderar o grupo, pelo menos em diversão, só peca pelas capacidades vocais de Pierce Brosnan que são horripilantes.


Qual é o problema desta comédia leve? Normalmente um musical tem um libretto, uma história que depois é musicada. Aqui parte-se de uma discografia sobre a qual se cola uma história. Que história? Nenhuma, não interessa, tudo é apenas uma desculpa para compactar o maior número possivel de êxitos dos ABBA por minuto de filme. Nada acontece, nada tem de acontecer, as canções sucedem-se a ritmo alucinante e pouco mais. Passando meia hora já não se aguenta. Nos EUA já saiu uma versão sing-along nas salas, onde a sessão se tranforma num enorme karaoke colectivo.

Mas o problema deve ser meu, o musical é um êxito há uma década e o filme tem acompanhado o sucesso.

quarta-feira, setembro 03, 2008

O ovo


Ontem terminou uma exposição na Gulbenkian de obras de arte moderna e contemporânea, da extensa colecção do Deutsche Bank.
Fui na interessante visita guiada por obras dos últimos 80 anos, sabendo de antemão uma particular, ausente, que me tinha chamado a atenção.
Um ovo.
Um ovo, de galinha, com a casca polida.
O dito, verdadeiro e em devida altura fresco, com o passar do tempo apodreceu e após ser exposto explodiu, deixando vestígios por todo o lado, um cheiro nauseabundo e problemas com o seguro.
Fiquei a saber que o que o banco alemão comprou não foi um ovo polido, mas um certificado que descreve o dito ovo, podendo este ser substituido por qualquer outro ovo polido que coincida com a descrição da autora, com o seu conceito.
É um ovo, escultural chamemos-lhe assim, que a dado momento resolveu fazer uma performance, contaminando artisticamente os presentes e por pouco, as obras que o rodeavam.
Podiamos ficar a tarde toda a falar de inspiração artística, de criação espontânea, de influências no mundo da arte, discutir se veio primeiro o ovo polido ou a galinha depenada, dava pano para mangas.

Serve pelo menos para um bom título para um livro: A explosão do ovo conceptual.

terça-feira, setembro 02, 2008

Wall-E

Se o cinema é a arte de realizar filmes, a capacidade de contar uma história pelas imagens, Wall-E é a prova que, mesmo numa altura em que o ruído reina, em que criar emoção passa muitas vezes pelo excesso barroco de efeitos especiais, pela montagem epilética em que cada plano não pode durar mais de um segundo, em que o som é descarregado aos gritos sobre o espectador sonâmbulo, mesmo hoje, as bases do cinema não mudaram.

Wall-E é a história do último robot à face da Terra, que 700 anos após o abandono dos Homens, continua o seu trabalho solitário, tendo uma barata como única amiga. Só que em 700 anos Wall-E começa a ganhar uma consciência...

O último filme da Disney Pixar, que desde Toy Story nos tem trazido título após título de grandes fitas (À Procura de Nemo, Ratatouille, Os Incríveis ou Monstros e Companhia), é provavelmento o filme mais terno do ano.

Sem palavras, ou quase, Wall-E leva-nos, passo a passo, a apaixonar por este pequeno robot (?), este embrião de E.T., personagem humano e emocional, destinado a encontrar amor, preso num mundo solitário de descoberta.

Fascinante, sedutor, cómico, Wall-E entra directo no panteão dos grandes personagens do cinema.

No pináculo da tecnologia, o filme é tecnicamente perfeito, a história desenrola-se como se de um filme mudo se tratasse, passo a passo, sem o recurso ao diálogo, muitas vezes fenómeno intrusivo e facilitista do cinema, cujo expoente máximo é o uso abusivo do narrador. Wall-E mostra-nos este novo mundo, apresenta-nos os seus personagens e os seus sonhos, não se limita a falar sobre eles.

Uma vez mais sem faixa etária definida, é indúbitavelmente para miudos e graúdos, perde-se também na definição específica de género.

Mais importante que tudo é que Wall-E é uma experiência apaixonante desde o primeiro segundo.

Música da Semana


Em honra a um dos filmes mais ternos deste ano, aqui fica... Louis Armstrong...

segunda-feira, setembro 01, 2008

De volta...

BERLIM

LISBOA



E agora venham falar-me em mobilidade urbana, trânsito, estacionamento, poluição, qualidade de vida ou o raio que o parta...